Ansiedade e Corpo: Como a Respiração e o Movimento Podem Ajudar
- Por Carolina Girardelli
- 17 de mar.
- 4 min de leitura
Atualizado: 12 de abr.

A ansiedade é uma daquelas companhias que, em maior ou menor grau, todos nós conhecemos. Ela pode se manifestar como uma inquietação interna, um coração acelerado, pensamentos que não param ou até mesmo uma sensação de que algo ruim está prestes a acontecer. Mas o que muitas vezes não percebemos é que a ansiedade não está apenas na nossa mente — ela também se expressa no nosso corpo. E é justamente aí que podemos encontrar ferramentas poderosas para lidar com ela: a respiração e o movimento.
A Conexão entre Ansiedade e Corpo
Quando estamos ansiosos, nosso corpo entra em um estado de alerta, como se estivéssemos diante de um perigo iminente. O coração acelera, a respiração fica curta e superficial, os músculos se tencionam. É a famosa reação de "lutar ou fugir", um mecanismo de sobrevivência que herdamos de nossos ancestrais. O problema é que, nos dias de hoje, muitas vezes não estamos diante de um perigo real, mas nosso corpo reage como se estivéssemos.
Essa conexão entre mente e corpo é uma via de mão dupla. Se a mente ansiosa afeta o corpo, o contrário também é verdade: acalmar o corpo pode ajudar a acalmar a mente. E é aí que entram a respiração e o movimento.
A Respiração como Âncora
A respiração é uma das ferramentas mais simples e eficazes para regular a ansiedade. Quando estamos ansiosos, tendemos a respirar de forma rápida e superficial, o que só aumenta a sensação de descontrole. Por outro lado, respirar de forma lenta e profunda envia um sinal ao cérebro de que está tudo bem, ajudando a acionar o sistema nervoso parassimpático, responsável pelo relaxamento.
Experimente este exercício simples:
Sente-se ou deite-se em uma posição confortável.
Coloque uma mão sobre o peito e outra sobre o abdômen.
Inspire lentamente pelo nariz, contando até quatro, e sinta o abdômen expandir.
Segure a respiração por um momento.
Expire lentamente pela boca, contando até seis, sentindo o abdômen desinflar.
Repita esse ciclo por alguns minutos. Você pode notar que, aos poucos, a mente se acalma e o corpo relaxa.
O Movimento como Libertação
O movimento também é um aliado poderoso no manejo da ansiedade. Quando nos movimentamos, liberamos tensões acumuladas no corpo e produzimos endorfinas, substâncias que promovem bem-estar. Além disso, o movimento nos ajuda a "sair da cabeça" e a nos conectar com o presente, o que é especialmente útil quando estamos presos em um turbilhão de pensamentos ansiosos.
Você não precisa ser um atleta para se beneficiar do movimento. Uma caminhada no parque, uma dança livre no quarto ou mesmo alongamentos suaves já podem fazer uma grande diferença. O importante é encontrar uma forma de se mover que seja prazerosa para você.
A Psicossomática Psicanalítica: Quando o Corpo Fala
A psicossomática psicanalítica nos ajuda a entender que o corpo não é apenas um reflexo da mente, mas um campo de expressão do inconsciente. Muitas vezes, conflitos emocionais que não conseguimos elaborar psiquicamente se manifestam através de sintomas físicos, como dores, tensões ou até mesmo doenças. A ansiedade, por exemplo, pode ser entendida como uma forma de o corpo "gritar" o que a mente ainda não conseguiu processar.
Na visão psicanalítica, o corpo é um lugar de inscrição das nossas experiências emocionais. Quando vivemos situações traumáticas ou conflitos que não conseguimos simbolizar (ou seja, colocar em palavras), o corpo pode "assumir" essa função, expressando através de sintomas o que ainda não foi elaborado. Por isso, trabalhar com o corpo — seja através da respiração, do movimento ou de outras práticas — pode ser uma forma de acessar e transformar esses conteúdos inconscientes.
A Psicoterapia Psicanalítica como Caminho de Autoconhecimento
Além das práticas corporais, a psicoterapia psicanalítica pode ser um caminho profundo e transformador para entender e lidar com a ansiedade. Na psicanálise, a ansiedade não é vista apenas como um sintoma a ser eliminado, mas como uma mensagem do inconsciente, um sinal de que algo dentro de nós precisa ser olhado e compreendido.
Através do processo terapêutico, é possível explorar as raízes da ansiedade, que muitas vezes estão ligadas a experiências passadas, conflitos internos ou padrões de comportamento que repetimos sem perceber. O psicanalista atua como um facilitador, ajudando o paciente a decifrar esses sinais e a encontrar novos significados para suas vivências.
A psicoterapia psicanalítica também nos convida a olhar para a relação entre mente e corpo. Muitas vezes, as tensões físicas e os sintomas corporais são expressões de conteúdos emocionais que ainda não foram elaborados. Ao trazer esses conteúdos para a consciência, é possível aliviar não só o sofrimento psíquico, mas também as manifestações físicas da ansiedade.
Um Convite à Autocompaixão
Por fim, é importante lembrar que lidar com a ansiedade é um processo. Nem sempre será fácil, e está tudo bem. O convite é para que você experimente essas ferramentas — respiração, movimento e, se fizer sentido para você, a psicoterapia psicanalítica — com gentileza e autocompaixão, sem cobranças ou julgamentos. Cada pequeno passo conta.
E se, em algum momento, a ansiedade parecer grande demais, não hesite em buscar ajuda profissional. Psicólogos e psicanalistas estão aqui para caminhar ao seu lado, ajudando você a encontrar suas próprias estratégias de cuidado e bem-estar.
Respire. Movimente-se. Conheça-se. E lembre-se: você não está sozinho(a).
Com carinho, Carolina Girardelli
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